Novas Economias da Regeneração guiam a programação do Espaço Chico Mendes e Fundação BB na COP30 nesta terça-feira
O Espaço Chico Mendes e Fundação BB na COP30 segue se consolidando como um dos principais pontos de encontro das lutas socioambientais em Belém. Nesta terça-feira, 18 de novembro, a programação é dedicada às Novas Economias da Regeneração, com painéis, apresentações culturais e diálogos que aproximam saberes tradicionais, políticas públicas, ciência e experiências comunitárias de enfrentamento à crise climática.
Coordenação das Associações Quilombolas do Pará esteve presente em nosso espaço. Foto: Gabi Yamaguchi
A agenda do dia se inicia às 10h30 com o painel “Sociobioeconomia: Um Modelo de Bioeconomia construído por povos amazônicos”, que reúne especialistas, representações do CNS, Ministério do Meio Ambiente e lideranças comunitárias. A proposta parte de uma perspectiva formulada a partir dos territórios. Como sintetiza o texto base do encontro: “A sociobioeconomia amazônica propõe um desenvolvimento que parte da floresta e de seus povos, indígenas, quilombolas e comunidades locais, colocando-os no centro das decisões e articulando conservação, justiça social e geração de renda”.
O documento descreve a imagem da “árvore da sociobioeconomia”, estruturada em raízes que representam saberes tradicionais e direitos garantidos, um tronco sustentado por governança própria e galhos que expressam resultados como comércio justo, equidade e resiliência climática.
Segundo o grupo, esse modelo “integra conhecimentos tradicionais e científicos para soluções duradouras”. Para avançar, porém, demanda “reconhecimento político, investimento público e marcos que assegurem terra e a repartição justa de benefícios”, apontando a necessidade de caminhos que unam cultura, floresta e economia.
Após a pausa para o almoço, a programação retorna às 13h com o Cortejo Jaz, apresentado pelo Coletivo de Animadores de Caixa, trazendo ao campus a musicalidade de rua amazônica e criando o ambiente de acolhida que tem marcado os intervalos entre as plenárias.
Às 14h, o auditório recebe o painel “Mulheres e mudanças climáticas”, realizado pela Coordenação das Associações Quilombolas do Pará (MALUNGU). Com participação de lideranças quilombolas e articulação do Comitê Chico Mendes, a discussão aborda o papel das mulheres negras na defesa territorial, nos modos de vida comunitários e na incidência climática.
A coordenadora Carlene Pires, que enviará o detalhamento do debate, integra a mesa ao lado de Angélica Mendes e Gabiy, da equipe de articulação do Comitê. O painel destaca ainda os impactos diferenciados da crise climática sobre mulheres quilombolas e a centralidade de seus conhecimentos na construção de respostas comunitárias.
A partir das 16h, o encontro “EtnoCaatinga: a força do Recaatingamento para a Adaptação às Mudanças Climáticas” amplia o debate para além do contexto amazônico, conectando biomas e experiências de convivência com a crise ambiental.
A roda de diálogos tem abertura do Secretário de Estado Edmilton Cerqueira, da Secretaria de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Tradicionais do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. A mediação será de Isabela Cruz, da SETEQ/MDA, com participação de Clérison Belém, do IRPAA, Pedro Sena, da Rede para a Restauração da Caatinga, e Aldete Fonseca, também da SETEQ/MDA.
O grupo enfatiza que o Semiárido brasileiro enfrenta pressões agravadas pelo aquecimento global, como desertificação, perda de biodiversidade e vulnerabilidade hídrica e social. A base da discussão parte de uma afirmação central: povos indígenas, quilombolas, comunidades de fundo de pasto e povos tradicionais são guardiões de conhecimentos e tecnologias sociais capazes de orientar a restauração da Caatinga, o sequestro de carbono e estratégias de convivência a longo prazo.
O espaço destaca que “em vez de combater a seca, é possível conviver com o Semiárido”, valorizando saberes locais combinados a soluções científicas. A proposição final da roda é clara: “O Recaatingamento é uma solução real para enfrentar a crise climática, reduzir vulnerabilidades sociais, proteger a biodiversidade e garantir a permanência digna das comunidades em seus territórios”.
A programação integra o calendário permanente do Espaço Chico Mendes e Fundação BB na COP30, realizado pelo Comitê Chico Mendes, Conselho Nacional das Populações Extrativistas e Fundação Banco do Brasil, com apoio do Memorial Chico Mendes, do Museu Paraense Emílio Goeldi e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
As atividades seguem até 21 de novembro com painéis, vivências, exibições culturais, feira da sociobiodiversidade e a experiência imersiva dedicada à memória de Chico Mendes.