"Nada sobre nós sem nós": Estande da Fundação Banco do Brasil redefine a experiência na COP30 no Espaço Chico Mendes
Com quase 800 participações e aprovação máxima, parceria destaca a força da comunicação colaborativa e o protagonismo das comunidades na defesa da Amazônia
Assinatura do Projeto Sementes marcou mais um passo em relação à luta contra a fome. Foto: Alexandre Noronha
A COP30 não foi apenas um palco de negociações climáticas globais; foi um espaço de reafirmação de territórios e identidades. Dentro deste cenário, o estande da Fundação Banco do Brasil (FBB), situado no Espaço Chico Mendes, consolidou-se como um ponto de encontro fundamental entre a sociedade civil e o investimento social transformador.
Os dados confirmam o sucesso da mobilização. Foram 795 cadastros únicos de participação, consolidando uma rede interessada e vibrante. O perfil do público reflete a diversidade de quem luta pelo clima: a maioria feminina (64,8%), demonstrando que a defesa da Amazônia tem rosto de mulher, com uma presença intergeracional marcante — equilibrada entre jovens adultos (25-34 anos) e lideranças experientes (45-59 anos).
A avaliação média de 4,8 estrelas reflete a excelência em atributos como conforto, acessibilidade, a experiência imersiva em Realidade Virtual (RV) e a linha do tempo histórica. Entretanto, o maior legado deixado por esta parceria não está na estrutura física, mas na humana. Paulo Silva, assessor de comunicação da Fundação Banco do Brasil, descreve a experiência como uma "sinergia perfeita", superando vivências em grandes eventos globais como Copa do Mundo e festivais de música.
"Fui com expectativas, tinha uma ideia do projeto, mas chegando lá me surpreendeu de forma positiva. Ficou uma coisa beirando a perfeição", relata Paulo.
O poder da narrativa
O ponto alto da articulação no Espaço Chico Mendes foi a cobertura colaborativa. A estratégia de trazer comunicadores populares dos territórios para narrar a COP30 sob suas próprias perspectivas não apenas funcionou, como se tornou referência para o futuro da comunicação institucional da FBB.
Para o Comitê Chico Mendes, isso valida uma luta histórica: a de que a Amazônia deve ser contada por amazônidas. Paulo Silva reforça essa visão, destacando o aprendizado obtido com a equipe do Comitê e a intenção de replicar e profissionalizar esse modelo:
"O maior destaque para mim foi a cobertura colaborativa (...) Ver esses comunicadores dos próprios territórios falarem com propriedade aquilo que vivem, aquilo que sentem. Estamos conversando para pegar uma consultoria com vocês [Comitê Chico Mendes] para aplicar isso nas coisas da Fundação, remunerando essas pessoas. É um aprendizado enorme."
O sucesso da parceria — evidenciado pelo fato de que 56,8% dos visitantes saíram interessados em conhecer mais sobre os projetos da FBB — aponta para um futuro onde as "soluções de cima para baixo" não têm mais espaço.
A mensagem final deixada por esta experiência na COP30 ecoa os ensinamentos de Chico Mendes: a autonomia dos povos. Ao refletir sobre o futuro das atividades, o assessor da FBB sintetizou o sentimento que deve guiar as próximas conferências e ações climáticas:
"A mensagem para o futuro é a gente colocar as próprias pessoas sobre quem a gente está discutindo para elas falarem. Elas mesmas contarem suas realidades, suas dores, discutirem o que é melhor para elas. Não a gente falar o que acredita que elas precisam. É aquela coisa: nada sobre nós sem nós."
O Espaço Chico Mendes e a Fundação Banco do Brasil encerram sua participação na COP30 com a certeza de que a tecnologia, o conforto e o investimento são vitais, mas é a voz humana, enraizada no território, que aponta o caminho para a justiça climática.