Painel “Chico Vive” reitera a importância política do líder seringueiro nos dias de hoje
Companheiros históricos relembram o sacrifício do líder seringueiro e conectam sua coragem às vitórias políticas e à resistência na Amazônia
Passado e presente tomaram conta do auditório do Museu Goeldi, neste domingo. Foto: Eduardo Pereira
A memória de Chico Mendes não é um arquivo morto; é uma semente que continua a brotar nas frentes de luta mais urgentes da Amazônia. No painel "Chico Mendes Vive - Legado de Chico Mendes contado por seus companheiros", o Espaço Chico Chico Mendes e Fundação BB reuniu vozes históricas que não apenas testemunharam a trajetória do líder seringueiro, mas que continuam a empunhar sua bandeira, neste domingo (09).
Companheiros históricos como Júlia Feitosa, Júlio Barbosa, Irmã Augusta e Joaquim Belo relembraram o sacrifício do líder seringueiro. Entre os presentes, a emoção de revisitar a história era palpável, mas o foco estava na ação.
Lideranças como Irmã Augusta e Joaquim Belo, pilares da resistência socioambiental no Pará e no Acre, trouxeram o peso de décadas de mobilização, lembrando que cada avanço foi conquistado com imenso custo.
A ativista Júlia Feitosa, visivelmente emocionada, destacou a dimensão espiritual e sacrificial da jornada. Para ela, a luta atual é uma continuação direta do legado deixado por aqueles que tombaram.
"Eu queria aqui agradecer essa oportunidade e dizer que essa terceira fase é essa fase [da nossa luta] agora que eu vejo que vários companheiros que se encantaram pela luta, que são dessa luta que é a luta de Cristo, né?", afirmou Feitosa.
Ela conectou o legado de Chico ao de outros mártires, lembrando a violência que ainda marca a defesa da Amazônia:
"Que foi a luta de Wilson Pinheiro, que é a luta de vários companheiros, que aqui nesse estado do Pará também foram assassinados. Deixaram a gente."
Júlio Barbosa, por sua vez, foi incisivo ao traçar uma linha direta entre o sacrifício de Chico Mendes e o cenário político atual. Para Barbosa, as conquistas eleitorais e a capacidade de governar em favor dos povos da floresta são frutos diretos da coragem de Chico em enfrentar o poder estabelecido, mesmo sabendo do risco.
"Se hoje nós temos o Lula presidente, se nós governamos o arco tanto que nós por tanto tempo que nós governamos, se nós ganhamos já governamos outros estados da Amazônia, eu tenho certeza que tudo isso tem a ver com a luta do Chico", declarou Barbosa.
Ele concluiu sua fala enfatizando o preço pago por essa herança, um preço que exige responsabilidade dos que hoje ocupam espaços de poder.
"E mais ainda pela a coragem que ele teve de sacrificar a própria vida em defesa dessa nossa luta e dessa nossa história."