Juventude atenta e organizada é a protagonista do último episódio da websérie “Empates pela Amazônia de Pé”

Promovida pelo Comitê Chico Mendes e pelo movimento Amazônia de Pé, a websérie busca ser um espaço de articulação intergeracional, conectando histórias do campo e da cidade em prol da floresta

Entrevistados do episódio. Foto: Comitê Chico Mendes e Amazônia de Pé

O último episódio da websérie “Empates pela Amazônia de Pé” já está disponível no Youtube, nesta quarta-feira, 30. Após explorar temas como a continuidade do legado de Chico, ativismo pela Amazônia, Clima e Humanidade, além de falar sobre a importância da representação amazônida nas tomadas de decisão, o projeto finaliza chamando para ser protagonista a “Juventude Atenta e Organizada”.

Os entrevistados do episódio contaram sobre a experiência de depor na série que, com cerca de 15 minutos em cada episódio, mesclou narrativas de lideranças históricas com as vozes de jovens ativistas. Sâmila Marçal, atriz, estudante e ativista conta que:

“Participar do último episódio da websérie foi uma experiência inesquecível e gratificante. Como jovem ativista, poder somar minha voz junto a tantas vozes que me inspiram foi uma oportunidade única para reafirmar meu compromisso com a preservação da floresta em pé e os direitos dos povos da Amazônia. Essa websérie não apenas destaca as lutas e os desafios enfrentados pelas lideranças extrativistas e socioambientais, mas também celebra a conexão entre gerações, permitindo que a juventude possa atuar na continuidade do legado que Chico Mendes e nossos companheiros de luta deixaram”, conta.

Juventude como forma de luta foi o tema do último episódio. Foto: Comitê Chico Mendes e Amazônia de Pé

Quem também participou foi Kayke Mendonça, estudante e ativista. Ele fala que ficou feliz pelo convite e de estar contribuindo na “retomada dos empates”:

“Essa rememoração de um momento tão importante para a história do nosso estado, em que os camaradas Wilson Pinheiro, Chico Mendes, Dercy Teles e meu próprio pai, João Teixeira, estiveram à frente desse movimento, de uma luta pela preservação ambiental — e conseguiram colocar o Acre em um cenário mundial de luta, de resistência ao latifúndio, de resistência ao agronegócio que, na época, estava sendo colocado como uma via de desenvolvimento para o Estado”, revela o estudante.

Para os entrevistados, estar nessa jornada ao lado de nomes tão inspiradores reafirma que a luta pela Amazônia é coletiva, urgente e cheia de esperança. 

Sâmila Marçal e Angela Mendes na caminhada ao túmulo de Chico Mendes durante a Semana Chico Mendes 2024. Foto: Comitê Chico Mendes e Amazônia de Pé

“Poder participar da websérie Empate pela Amazônia de Pé traz um mix de emoções, porque a gente sente o privilégio de ter a nossa fala, de poder expressar o que a gente vive, o que a gente sabe, o que a gente quer para o futuro”, conta Kailane Silva, extrativista e estudante.

Nossa vitória depende da nossa organização e disciplina

Neste ano, em que acontece a COP30, é importante falar sobre os problemas estruturais enfrentados pelos jovens na Amazônia, como o racismo ambiental, a falta de saneamento básico e a ausência de espaços verdes nas áreas urbanas.

“E eu fico muito feliz de estar contribuindo nessa websérie, nessa rememoração da nossa luta — e de trazer essa luta para os dias de hoje. De mostrar que essa luta não parou, ela ainda continua. A gente precisa retomar os empates, a gente precisa continuar contando as histórias, a gente precisa ter em mente que faz parte de um legado de luta. Eu fico genuinamente muito feliz de poder estar contribuindo com esse material para a websérie”, declara Mendonça.

“Essa websérie não apenas destaca as lutas e os desafios enfrentados pelas lideranças extrativistas e socioambientais, mas também celebra a conexão entre gerações. Foto: Comitê Chico Mendes e Amazônia de Pé

Sâmila Marçal compartilha sua trajetória de reconhecimento como jovem amazônida e como contar e explorar essas memórias reforça a luta:

“Fiquei feliz em poder compartilhar a história de como entrei no movimento, o processo difícil que tive em me enxergar como uma jovem protagonista e compartilhar a importância de ter o apoio de quem já está na luta a tanto tempo, no meu caso tive o apoio da Angela Mendes. Sou muito grata a ela pois estou aqui hoje por causa do apoio que me deu quando eu estava querendo desistir logo no início da caminhada, esse apoio é muito importante para os jovens que estão começando agora a entrar no movimento socioambiental e por isso procuro retribuir o apoio que um dia me foi ofertado”, diz.

A web-série se encerra, mas a luta sempre continua. Foto: Foto: Comitê Chico Mendes e Amazônia de Pé

Já, Kailane Silva fala da oportunidade de se dar ouvidos aos jovens nas reservas extrativistas que são, assim como Chico deixou escrito, os Jovens do Futuro:

“Eu acredito que é um privilégio muito grande e, de certa forma, também é um momento em que a gente sente que está passando o que vive para outras pessoas. A gente se sente podendo compartilhar com os outros o que a gente faz, o que a gente vive, o que a gente quer”, conclui.

Sobre o Comitê Chico Mendes

Criado em 1988 por militantes, familiares e organizações da sociedade civil na noite do assassinato do líder seringueiro e sindicalista Chico Mendes, o Comitê Chico Mendes surgiu como guardião de seus ideais e legado. Até 2021, atuou como um movimento social, promovendo a Semana Chico Mendes e o Festival Jovens do Futuro. Diante do desmonte da Política Nacional de Meio Ambiente, que afetou violentamente os territórios e suas populações, especialmente as Reservas Extrativistas, decidiu dar um passo estratégico para fortalecer sua atuação em prol do bem-estar social, ambiental, cultural e econômico das comunidades tradicionais.

Em maio de 2021, após um amplo processo de escuta e diálogo entre membros e parceiros, optou-se pela institucionalização do Comitê Chico Mendes. A decisão representou um marco na trajetória da organização, permitindo a implementação de projetos estruturados sem abrir mão da essência de resistência, expressa nas Semanas Chico Mendes, realizadas desde 1989, e no Festival Jovens do Futuro, promovido a partir de 2020.

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