Estudantes pelo futuro: a educação é o primeiro passo para resistir
No Dia do Estudante, o Movimento Jovens do Futuro celebra oficinas que formam lideranças climáticas em todo o Acre
Oficina na Escola José Siqueira dos Santos, na Comunidade Cazumbá. Foto: Comitê Chico Mendes
No coração da Amazônia, a juventude acreana está escrevendo um novo capítulo da luta socioambiental iniciada por Chico Mendes. No Dia do Estudante, nesta terça-feira, 12, o Comitê Chico Mendes destaca o trabalho do Movimento Jovens do Futuro, iniciativa que transforma oficinas educativas em ferramentas de conscientização e mobilização.
“O Movimento nasceu da compreensão de que a juventude é uma das principais detentoras do legado de Chico e é para elas que ele se reportou quando iniciou a carta conclamando: ‘Atenção Jovens do Futuro…’”, explica Thalita Vasconcelos, integrante da coordenação.
Inspirado na “Carta ao Jovem do Futuro”, o projeto reforça que o chamado de Chico ainda ecoa com urgência entre as novas gerações. Criado em 2023, o Movimento nasceu de um projeto do Comitê que envolveu estudantes de escolas públicas, universitários, jovens das Reservas Extrativistas, artistas e ativistas.
“Acreditamos que as oficinas foram primordiais para suscitar o engajamento das juventudes”
As oficinas educativas são o motor dessa transformação. Nelas, temas como emergência climática e justiça socioambiental são discutidos a partir de vivências e estratégias coletivas.
“Acreditamos que as oficinas foram primordiais para suscitar o engajamento das juventudes e despertar lideranças climáticas nas mais diversas regiões do Acre”, afirma Thalita.
Combinando educação, comunicação, cultura e artivismo, o Movimento atua como ponte entre diferentes contextos da zona urbana às comunidades da floresta. A proposta é “construir pouco a pouco a revolução que Chico almejara”, como diz Vasconcelos.
Oficina do Movimento Jovens do Futuro na UFAC em 2023. Foto: Comitê Chico Mendes
O impacto vai além das salas de aula: jovens mobilizados pelo projeto já organizam mutirões ambientais, produzem campanhas de sensibilização e fortalecem redes de ação climática em seus territórios.
Ao estimular a educação climática engajada, o Movimento responde a um cenário em que os povos da Amazônia estão entre os mais afetados pela crise ambiental, mas também entre os protagonistas na defesa de soluções.
“O Movimento segue conectando as iniciativas de juventudes em defesa do planeta e da justiça climática, tendo como iluminação o legado do Chico”, conclui Thalita.
Se ontem Chico Mendes confiou sua esperança à juventude do futuro, hoje essa juventude assume o compromisso de manter viva a luta, adaptando-a aos desafios do presente. As oficinas do Movimento Jovens do Futuro mostram que cada estudante pode ser semente de transformação, capaz de unir história e inovação na defesa da Amazônia.
Sobre o Comitê Chico Mendes:
Criado em 1988 por militantes, familiares e organizações da sociedade civil na noite do assassinato do líder seringueiro e sindicalista Chico Mendes, o Comitê Chico Mendes surgiu como guardião de seus ideais e legado. Até 2021, atuou como um movimento social, promovendo a Semana Chico Mendes e o Festival Jovens do Futuro.
Diante do desmonte da Política Nacional de Meio Ambiente, que afetou violentamente os territórios e suas populações, especialmente as Reservas Extrativistas, decidiu dar um passo estratégico para fortalecer sua atuação em prol do bem-estar social, ambiental, cultural e econômico das comunidades tradicionais.
Em maio de 2021, após um amplo processo de escuta e diálogo entre membros e parceiros, optou-se pela institucionalização do Comitê Chico Mendes. A decisão representou um marco na trajetória da organização, permitindo a implementação de projetos estruturados sem abrir mão da essência de resistência, expressa nas Semanas Chico Mendes, realizadas desde 1989, e no Festival Jovens do Futuro, promovido a partir de 2020.