Inspirado pelas Encantarias da Amazônia, Comitê Chico Mendes realiza Festival Jovens do Futuro com foco na COP30

Com atração nacional e artistas do interior do Acre, o Festival é uma resposta coletiva aos retrocessos ambientais, sociais e políticos que afetam a Amazônia e seus povos

Edição de 2023 na Concha Acústica. Foto: Comitê Chico Mendes

Em meio a um cenário de flexibilização ambiental e avanço do agronegócio, o Festival Jovens do Futuro 2025 surge como uma resposta política, cultural e espiritual. Com programação prevista para os dias 5 e, especialmente, 6 de setembro — data-manifesto do líder seringueiro na famosa Carta ao Jovem do Futuro — o evento será realizado em Rio Branco, Acre, e traz como tema central o protagonismo das juventudes amazônicas rumo à COP30, que acontece este ano no Brasil.

"Realizar o Festival em 2025 é oferecer uma contra-narrativa diante da devastação. É dizer que não vamos aceitar que as coisas sigam como estão. Nosso futuro está em jogo, nosso presente já está comprometido", afirma Thalita Vasconcelos, da equipe de organização do evento. 

Para ela, o Festival é mais que um espaço de celebração, é fagulha de esperança e rebeldia diante dos ataques à vida e à floresta.

É um Festival que nasce da urgência, mas também do cuidado
— VandSmile

Com arte e formação, a juventude ocupa o debate climático

A programação deste ano terá como eixo a preparação para a Conferência do Clima da ONU, a COP30, que acontece em novembro, em Belém, no Pará. O Festival Jovens do Futuro propõe duas formações principais no dia 5 de setembro:

  • "COP: que bicho é esse?" — voltada a organizações parceiras e integrantes do Comitê Chico Mendes;

  • "Crias de Chico na COP30" — direcionada ao público jovem de escolas da capital e do interior, com foco em introduzir e debater os impactos da Conferência para os territórios amazônicos.

"Essa será a edição em que estou mais envolvida. A gente entende que, como juventude amazônida, precisamos estar preparados, informados, e principalmente conectados. Estamos no centro do debate climático mundial", diz VandSmile, que participa pela terceira vez da produção do Festival.

Segundo ela, além das formações, o Festival mantém sua essência cultural como linguagem de luta: 

"A arte e a cultura são nossas aliadas. Vamos dançar, cantar, desenhar e denunciar. É resistência viva", diz.

Encantados para seguir em frente

A espiritualidade também atravessa o Festival, que se alimenta da sabedoria dos Encantados e das lutas das gerações que vieram antes como tema principal deste ano. O encontro homenageia essa dimensão ao promover vivências de reconexão com o território.

“Os Encantados são essas vozes ancestrais que nos guiam e dão sentido à luta. Eles nos impulsionam nos momentos difíceis”, explica Thalita. 

FJF

2025

FJF 2025 ✦

Uma mobilização coletiva em ritmo de mutirão

Desde junho, as equipes de produção, comunicação e articulação do Festival vêm se reunindo quinzenalmente para construir a programação e mobilizar escolas, coletivos e secretarias parceiras.

Em agosto, os encontros se intensificam para afinar a logística e garantir a participação de juventudes urbanas e rurais, sempre com foco estratégico na atuação em rede e na formação política. Apesar de mais enxuta em número de atividades, esta edição aposta em profundidade e impacto. 

"Entendemos que precisamos aproveitar melhor cada espaço e fala. É um Festival que nasce da urgência, mas também do cuidado", destaca VandSmile.

6 de setembro une espiritualidade e música

O ponto alto do Festival acontece no dia 6 de setembro, em plena data que marca a leitura da Carta ao Jovem do Futuro, escrita por Chico Mendes às futuras gerações. A programação terá início às 17h30, com o cortejo do Maracatu recepcionando o público na entrada do Parque da Maternidade, seguido de boas-vindas e abertura oficial. Em seguida, o palco da Concha Acústica será tomado por apresentações que misturam performance, circo, música autoral e poesia periférica.

A noite segue com Larissa Mendes e sua performance "Mãe Terra", o hip-hop de V17 Mc de Plácido de Castro, a música ritualizada de Yubé e Siã Hunikuin, além dos sons urbanos de Kaemizê e a força do rock regional da Banda Excomungado. Entre um show e outro, ataques poéticos com artistas como El Tchuco Mc (Bujari) e Kaeli Mc (Cruzeiro do Sul) garantem que a palavra seja também instrumento de denúncia e afeto.

Outro momento simbólico será a leitura da Carta ao Jovem do Futuro por Lívia Mendes, neta de Chico, reforçando o elo entre gerações. A noite ainda conta com Banda Balseiro, DJ Lily no encerramento, e o tão aguardado show de uma atração nacional, que sobe ao palco às 21h35. O nome ainda está guardado a sete chaves pela organização, mas promete encantar o público.

Festival destaca artistas acreanos. Foto: José Lucas/Comitê Chico Mendes

Chico Mendes vive em cada jovem que se levanta

O Festival Jovens do Futuro reafirma que o legado de Chico Mendes não pertence apenas ao passado. No momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP30, é da Amazônia profunda que emerge uma das respostas mais potentes ao colapso climático: a juventude atenta e organizada.

“Essa é a esperança que Chico iluminou pra gente lá no passado: a juventude do futuro de hoje”, conclui Thalita.

Próximo
Próximo

Estilista Day Molina homenageia Chico Mendes com nova coleção de moda