Fórum AtivaCred transforma Xapuri em espaço de cidadania e crédito no 3º dia da Semana Chico Mendes
O terceiro dia de programação realizou um verdadeiro “mutirão de soluções”, conectando a alta política da COP 30 à emissão de documentos e acesso ao crédito para quem vive na RESEX
Fórum AtivaCred reuniu parceiros como Banco do Brasil e EMATER para facilitar acesso a documentos e crédito rural para extrativistas. Foto: Alexandre Noronha
O terceiro dia da Semana Chico Mendes 2025, na quarta-feira (17), dedicou-se a responder uma das perguntas mais cruciais da luta socioambiental: como garantir que a floresta permaneça em pé garantindo renda e dignidade para quem nela habita?
A resposta veio através do Fórum AtivaCred Amazônia, uma parceria estratégica entre o Comitê Chico Mendes e a Conexsus (Instituto Conexões Sustentáveis). O evento transformou o Salão Paroquial em um centro de cidadania e negócios sustentáveis, oferecendo desde a emissão de documentos básicos até linhas de crédito rural e oficinas técnicas.
Para Fernando Moreti, diretor de políticas de sociobioeconomia da Conexsus, o desafio logístico de trazer essa estrutura para dentro da Semana foi imenso, mas necessário. A articulação, que começou no início do ano em Brasília durante uma reunião do Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio), culminou neste "desaguar" prático.
Fernando Moreti, diretor da Conexsus, destaca a importância de colocar as pessoas no centro do debate econômico. Foto: Alexandre Noronha
“A ideia nossa do fórum é justamente trazer serviços e soluções preparatórias, não só para o crédito, mas para outras políticas públicas como PNAE (alimentação escolar) e PAA (aquisição de alimentos), para os beneficiários da RESEX Chico Mendes”, explicou Moreti.
Um mutirão de soluções
Ao longo do dia, o espaço funcionou como o que Moreti definiu como um “mutirão de serviços”. A parceria envolveu gigantes como o Banco do Brasil, o Instituto Clima e Sociedade (iCS), o ICMBio, a EMATER e órgãos governamentais (MDS e MDA).
Quem passou pelo local pôde resolver pendências de Cadastro Único (CadÚnico), emitir o CAF (Cadastro Nacional da Agricultura Familiar), acessar vacinação e receber orientações sobre microcrédito.
“É trazer realmente soluções para fazer esses atendimentos durante a semana”, completou o diretor.
O termo “bioeconomia” dominou os debates globais nos últimos anos, especialmente durante a COP 30 em Belém. No entanto, o que se viu em Xapuri foi a reafirmação do conceito de sociobioeconomia, um legado direto de Chico Mendes, que sempre defendeu que não existe conservação sem gente.
Compromissos climáticos da COP 30 "deságuam" em Xapuri através de políticas públicas concretas como o PAA e o Pronaf. Foto: Alexandre Noronha
“Não adianta a gente falar de preservação das florestas, dos biomas, sem a gente falar das pessoas que habitam os biomas. Então, quando a gente fala esse termo de sociobioeconomia, os 'sócios' são as pessoas, a bioeconomia é o que aquelas pessoas produzem”, analisou Fernando Moreti.
Oficinas e saberes
Além da parte burocrática e financeira, a tarde foi dedicada à troca de conhecimentos práticos. As oficinas de Educação Financeira, Boas Práticas Produtivas e Biojoias lotaram as salas, atendendo a uma demanda levantada pelo próprio Comitê Chico Mendes para fortalecer a autonomia das mulheres e jovens da reserva.
“O comitê sugeriu temas que estão muito relevantes para o território, como a própria fabricação de biojoias. Para nós, ter esse evento na Semana tem um valor muito importante, porque falar de sociobioeconomia como solução climática já era o legado, já era o que o Chico trazia desde a sua época de luta”, finalizou Moreti.