Justiça por Darling! Nota de pesar por Moisés Alencastro

Moisés era ativista cultural e advogado. Foto: Reprodução

A morte de Moisés Alencastro atravessa a gente fundo, como um corte seco no meio da cena.

Moisés era o Darling. Um apelido que ficou porque ele era querido. Muito querido. Desses que a gente reconhece de longe, que circulam, que fazem parte do quadro vivo da cidade. Darling era presença constante, dessas que entram no plano e sustentam a cena inteira.  Ele não precisava anunciar chegada. Ele já estava. Em tudo.

Moisés esteve conosco na Semana Chico Mendes de 2022 e 2023, e também durante as oficinas da Aliança das Amazônias, em maio de 2023. Caminhou junto, construiu junto, somou com presença, escuta e compromisso. Foi defensor dos direitos humanos, ativista cultural e organizador de dois festivais de cinema, o Festcine Originários e o Festival Transamazônico, espaços de encontro, visibilidade e afirmação.

Quando morre alguém da cultura, algo se apaga no coletivo. Quando morre alguém do cinema, um plano é interrompido à força. A montagem é quebrada. O filme não chega ao corte final. Não é só uma pessoa que se vai. Vai junto um jeito de olhar, de circular, de fazer existir. Perde-se presença, perde-se encontro, perde-se aquilo que não estava escrito, mas sustentava muita coisa.

É preciso dizer em alto e bom som: não perdemos Moisés de forma prematura. Moisés foi assassinado. Sua vida foi interrompida pela violência. Dizer diferente disso é diminuir o que aconteceu, é suavizar o que é brutal.

Sua morte interrompe uma vida em movimento, feita de relações, trabalho coletivo e afeto compartilhado. Ficam as lembranças, as conversas que não terminaram, o vazio deixado em quem convivia com ele de perto.

Darling deixa um legado de companheirismo, lealdade e afeto. Um legado que fica na cultura do Acre e em quem caminhou com ele.

Nos solidarizamos profundamente com sua família, com as amigas e amigos e com todes que hoje sentem essa perda no corpo e na memória.

E é preciso dizer: a morte do Moisés não pode ser tratada com descaso. É necessário que haja investigação, responsabilização e justiça. Que a vida do Darling não seja reduzida a mais um número, nem esquecida com o passar do tempo. Exigimos justiça!

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